sábado, 22 de abril de 2006

Chá de quê?

As crenças de algumas pessoas (Algarvios em geral) não me deixam de surpreender. Já vi e ouvi um pouco de tudo, desde matar cobras e pô-las na estrada para dar sorte, até ao corte de orelhas aos bichos para lhes tirar o "mal da cabeça". A última que ouvi é que me deixou de rastos. Uma pessoa garantiu-me que já não se constipava há dez anos, e que antes disso andava sempre com anginas. As anginas eram tantas que teve de levar uma dose cavalar de penicilina. Agora a parte mais engraçada é que esta pessoa acha que este tempo todo de ininterrupta saúde e ausência de constipações se deve à acção milagrosa de um cházinho caseiro preparado pela mamã. Pergunto eu, "e o chá era de quê? ", " A minha mãe fez-me o chá da merda do cão!"
Julguei que isto era mais um teste à minha ignorância, tipo: "Então doutor e aquela árvore como é que se chama?" e eu respondo uma alarvidade qualquer, e depois sou gozado para o resto da tarde. (Atenção que já sei como é um melão da india! Não antes sem levar umas bocas a dizer que o pessoal de Lisboa não percebe nada de campo. Como se toda a gente soubesse o que é um melão da india. Mas a pergunta que se coloca é: o que é que o raio do melão indiano veio cá fazer para Portugal?!)
Voltando ao chá; pensei que tinha de ser piada, até perceber o quão sério estava a falar essa pessoa. "São umas caganitas brancas que se apanha no monte e depois mete-se num pano e ferve-se. Eu bebi 3 goles e nunca mais fiquei doente!"
Ora se há tanto cão e tanta bosta por essas ruas fora, acho que está na altura de patentear esse chá maravilhoso e erradicar de uma vez contipações, tosses e já agora gripe das aves!
Outra coisa que já reparei, foi que nós não falamos a mesma língua em Lisboa e no algarve, pois eles querem meter um buço nos cães, mas para mim buço é a palavra simpática para descrever o farfalhudo bigode de uma qualquer mulher, ao passo que o que eu ponho num cão é um açaime. Para eles um valado é um muro feito de pedra, para mim um valado é uma espécie de trincheira. Há o monte da zorra, mas para mim zorra é a palavra espanhola para raposa.
Claro que provocações à parte, existem pessoas muito hospitaleiras lá pelos Algarves e eu já estou a apanhar umas expressões da terra, pois no outro dia " tive comendo alcagoitas no café das olivêras".

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Então amigo espera que um dia te digam para fazeres uma frigimenta em condições, para fazeres um piquenique no bico do cerro, no dia 1 de Maio. (Tudo algarvio claro...)
Beijos da peça

10:44 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Poderás ficar "almoreado" por não saberes que uma "alcagoita" é uma simples "ervilhana". Tão simples...
Continua a escrever, pelo menos para este teu fiel leitor.
Como te dizia num "comment" que não apareceu (burrice minha, certamente!)o cafezinho do sábado soube mesmo a pouco.
Abração do 457.

11:39 da manhã  

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